sexta-feira, 22 de julho de 2011

Pra não se esquecer nunca

Em meu volino que desentoa
te declara meu violino
que te amo,te amo minha violoncela,
minha mulherzinha escura e clara,
meu coração,minha dentadura,
minha claridade e colher,
meu sal da semana escura,
minha lua de janela clara.


terça-feira, 19 de julho de 2011

O rio além da minha aldeia

Há mais de dois meses eu não penso em nada. E não é porque me curei da doença dos olhos. Não, embora Caeiro seja meu preferido, eu não consigo parar de pensar muito. Mas escrevo pouco. E ela tem a razão de achar que nossas experiências aqui estão se acumulando demais. Estão mesmo. Mas minhas lembranças vão e voltam desde o velhinho que me pediu o cigarro em Burano, o comunista que nos abordou no bonde em Budapeste, até o mercado hippie onde estouramos bolinhas de sabão em Kreuzberg, uns dos bairros mais legais que visitamos em Berlim. Dessa cidade que é ao mesmo tempo glamourosa e punk, fomos para a velha e conhecida (embora pisasse lá pela primeira vez) Lisboa. Lá o Tejo nos encantou tanto como as montanhas de Sintra. Sim, "O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele". Mas fez pensar em muita coisa sim. Nas viagens pelo mar que levaram pro Brasil os quitutes e os deputados. As placas têm o mesmo português, prolixo e  preocupado com as qualidades que nem sempre existem. O jeito brasileiro, não só o da cordialidade, veio mesmo do Tejo. E de lá vieram muitas outras coisas como o Barroco de Aleijadinho e as ruazinhas de Ouro Preto, o choro canção que tirou seu lamento do belo Fado. Ah Lisboa, quatro dias foram poucos demais.
Terreiro do Paço, Lisboa

Agora em Barcelona passeamos pela cidade gótica, e comemos tapas com Estrela. Espero retomar o blog com o mesmo fôlego que ainda nos resta. São já 78 dias.

sábado, 9 de julho de 2011

em Berlim

Berliner Dom, a linda catedral protestante da cidade,
em uma bela tarde de sol.
Em Berlim, sem internet no quarto... agora, estou no saguão do hotel. O texto é curto, pois tem que acabar antes do banho do um que quase já se esqueceu como escrever.
Ontem fomos no pedaço do muro que sobrou e no Memorial do Holocausto. O que esperar de uma cidade com uma história tão conturbada? A diferença entre ler um livro de história e aprender sobre a perseguição nazista aos judeus e estar aqui e ver de perto, conhecer a vida de famílias inteiras que desapareceram... é como se somente agora eu tomasse conhecimento de tudo isso. Acho que antes eu só pensava que sabia alguma coisa. E depois de tudo isso... um muro. Um muro que existiu até pouco tempo atrás.
Talvez por isso Berlim seja uma cidade tão "insana". A quantidade de pessoas bizarras daqui eleva a média de qualquer estatística.
Meu tempo - e a bateria do computador - só me permitem essa notinha. Espero conseguir não ficar tanto tempo sem escrever, pois as estórias daqui estão se acumulando cada vez mais.
Que tal deitar de biquíni em uma grama alta como essa para aproveitar o sol?
No Mauer Park, você pode tudo!

sábado, 2 de julho de 2011

cuco!

Desde o século XV, o Relógio Astronômico do prédio da antiga prefeitura de Praga avisa que uma nova hora chega. Nos juntamos, por duas vezes, a uma multidão de turistas que também esperavam para ver. Pensei que era só um cuco, mas é muito mais elaborado. O vídeo não mostra os detalhes: o esqueleto que puxa a corda para bater o sino, os apóstolos que passam pelas janelinhas e o galo que bate as assas quando as tais janelinhas se fecham. O esqueleto representa a morte, comandando a passagem do tempo. Até seria algo profundo, se não fosse tão bonito! Nesses momentos, essas representações passam despercebidas...
Como se não bastasse a beleza de uma invenção tão antiga e que continua funcionando tão bem... os corneteiros da torre completam o espetáculo.


Prédio da Antiga Prefeitura de Praga e a torre do relógio

O relógio mostra a posição da lua, do sol, dos signos,
além da hora em três diferentes sistemas
(da antiga Bohemia, o babilônico e o romano)