terça-feira, 19 de julho de 2011

O rio além da minha aldeia

Há mais de dois meses eu não penso em nada. E não é porque me curei da doença dos olhos. Não, embora Caeiro seja meu preferido, eu não consigo parar de pensar muito. Mas escrevo pouco. E ela tem a razão de achar que nossas experiências aqui estão se acumulando demais. Estão mesmo. Mas minhas lembranças vão e voltam desde o velhinho que me pediu o cigarro em Burano, o comunista que nos abordou no bonde em Budapeste, até o mercado hippie onde estouramos bolinhas de sabão em Kreuzberg, uns dos bairros mais legais que visitamos em Berlim. Dessa cidade que é ao mesmo tempo glamourosa e punk, fomos para a velha e conhecida (embora pisasse lá pela primeira vez) Lisboa. Lá o Tejo nos encantou tanto como as montanhas de Sintra. Sim, "O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele". Mas fez pensar em muita coisa sim. Nas viagens pelo mar que levaram pro Brasil os quitutes e os deputados. As placas têm o mesmo português, prolixo e  preocupado com as qualidades que nem sempre existem. O jeito brasileiro, não só o da cordialidade, veio mesmo do Tejo. E de lá vieram muitas outras coisas como o Barroco de Aleijadinho e as ruazinhas de Ouro Preto, o choro canção que tirou seu lamento do belo Fado. Ah Lisboa, quatro dias foram poucos demais.
Terreiro do Paço, Lisboa

Agora em Barcelona passeamos pela cidade gótica, e comemos tapas com Estrela. Espero retomar o blog com o mesmo fôlego que ainda nos resta. São já 78 dias.

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