Em 21 dias na Itália, aprendemos várias palavras. Aos poucos, fomos diminuindo a
embromazzione e, mesmo longe de saber de fato italiano, sempre que precisávamos acabávamos conversando em uma língua própria - uma espécie de dialeto que misturava português, espanhol e italiano. Felizmente, funcionou.
Na Grécia, a história foi bem diferente. O que ajudou foi que a maioria dos gregos fala, nem que seja um pouquinho, de inglês.
Mas nos dois países, aprendemos uma palavra que eu não imaginei que seria necessária:
apergia em grego e
sciopero em italiano. As duas palavras significam a mesma coisa: greve, no bom e velho português.
Na Itália, nossa viagem de trem de Gênova para Florença demorou o dia inteiro. Descobrimos da greve só na plataforma enquanto esperávamos e trem. Ou seja: descemos a longa escadaria carregamos nossas três malas
ligeiramente pesadas à toa, pois tivemos que subir, trocar de plataforma e depois descer outra vez. Detalhe dramático: na verdade, fizemos esse percurso duas vezes. Poucos trens estavam funcionando e só cinco minutos antes da saída eles avisavam se aquele trem específico iria aderir à greve ou não.
Na Grécia, além dos trens, os ônibus e o metrô de Atenas também pararam - mas em dias alternados, o que fez com que a cidade não parasse de funcionar. Ontem, quando deveríamos ir de Atenas para Tessalônica de trem, fomos surpresos pela greve - na porta da estação de trem, que estava fechada com uma placa toda em grego e uma única palavrinha em inglês:
strike! Greve!
E "lá vamos nós" descer, com as malas, a longa escadaria para voltar para a estação de metrô. Voltamos para o hotel para ver se nosso quartinho ainda estava vago e... não estava! O recepcionista pediu para que esperássemos um pouco, deu uns telefonemas - até achei que ele estava tentando achar um outro hotel que nos abrigasse - e me chamou, com um mapa na mão: "tem um ônibus para Tessalônica daqui a meia hora, ele sai desse lugar (mostrando no mapa) e dá para vocês irem andando daqui até lá". Fomos correndo e entramos no ônibus sem saber, inclusive, quanto tempo iria durar a viagem - que aliás, foi linda! Mar de um lado, montanhas do outro. E nem era uma ou outra montanha qualquer: era o Monte Olímpio!
Hoje fomos até a estação de trem e, felizmente, conseguimos nosso dinheiro de volta.
Em duas horas estaremos em um ônibus rumo à Istambul. De uma empresa privada, então acho que não tem erro.
Estou super ansiosa para chegar, mas já com saudades da Grécia.
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Do alto da Torre Branca, onde aprendemos um pouco da história turbulenta
dessa cidade simpática que é a Tessalônica |