Depois do tempo de uma gravidez na Irlanda, a Itália. A Irlanda - assim como o Reino Unido - são um mundo a parte. Um grande abismo separa a cultura brasileira da cultura da qual nos inseridos durante esse tempo. Não é só clima. Alíás, a diferença vai muito, muito além do clima.
As relações familiares tão independentes e frias por um lado e tão próximas, veladas, sempre criadas e cultivas "por debaixo das asas" por outro. O que é melhor ou pior? Qual o jeito certo e qual o errado? Não sei, hoje as duas opções me parecem tão extremas que a busca por um meio termo talvez seja a melhor saída.
A comida sempre preparada do Brasil e sempre "congelada" do Reino Unido era outra grande diferença que me assustava. Comer andando na rua, de forma apressada, qualquer coisa que se compra pronta no fast-food da esquina ou fazer duas, duas horas e meia de sesta, sem correrias, sem preocupações. Que comparação injusta! Mas é assim que as coisas funcionam na Irlanda e na Itália. E aqui, ao que me parece, ninguém aproveita o horário de almoço para resolver problemas, ir ao banco, olhar as novidades da loja preferida... nada disso! Afinal, tudo vai estar fechado para a sesta.
Mas ainda além dessas grandes diferenças estruturais na formação das culturas, pequenas coisas sempre faziam com que eu me sentisse sempre "sem espaço" durante nossa vida em Dublin. A falta de um abraço ao final de uma longa conversa com alguém que já está bem próximo de poder ser chamado de amigo, a pouca preocupação com aqueles que estão ao seu redor, a falta de espaço para uma conversa com desconhecidos que compartilham com você o mesmo espaço público. Não, nem sempre esse compartilhamento é suficiente para uma troca de duas ou três frases. Cheguei a pensar que só no Brasil as pessoas eram assim. Ah, mas a Itália...
Acho que o sangue latino é mesmo diferente dos outros. De alguma forma, temos o sangue quente. E esses antepassados em comum, mesmo em algum longínquo ponto da história, nos traz mais semelhanças do que se pode imaginar.
A importância das refeições feitas de modo apropriado, o descanso, a conversa informal, o falar alto, o abraço... na verdade, descobri que meu problema de adaptação não vinha da cultura irlandesa em si ou com a Europa - o que cheguei a pensar, generalizando demais a situação. Hoje, acho que meu problema era a ausência do sangue latino, do jeito latino de ser.
Cada dia tenho mais certeza de que se tivéssemos vindo para algum país de sangue quente ao invés de ir direto para Irlanda / Reino Unido, nosso processo de adaptação seria outro. E então seria muito mais difícil voltar.
As relações familiares tão independentes e frias por um lado e tão próximas, veladas, sempre criadas e cultivas "por debaixo das asas" por outro. O que é melhor ou pior? Qual o jeito certo e qual o errado? Não sei, hoje as duas opções me parecem tão extremas que a busca por um meio termo talvez seja a melhor saída.
A comida sempre preparada do Brasil e sempre "congelada" do Reino Unido era outra grande diferença que me assustava. Comer andando na rua, de forma apressada, qualquer coisa que se compra pronta no fast-food da esquina ou fazer duas, duas horas e meia de sesta, sem correrias, sem preocupações. Que comparação injusta! Mas é assim que as coisas funcionam na Irlanda e na Itália. E aqui, ao que me parece, ninguém aproveita o horário de almoço para resolver problemas, ir ao banco, olhar as novidades da loja preferida... nada disso! Afinal, tudo vai estar fechado para a sesta.
Mas ainda além dessas grandes diferenças estruturais na formação das culturas, pequenas coisas sempre faziam com que eu me sentisse sempre "sem espaço" durante nossa vida em Dublin. A falta de um abraço ao final de uma longa conversa com alguém que já está bem próximo de poder ser chamado de amigo, a pouca preocupação com aqueles que estão ao seu redor, a falta de espaço para uma conversa com desconhecidos que compartilham com você o mesmo espaço público. Não, nem sempre esse compartilhamento é suficiente para uma troca de duas ou três frases. Cheguei a pensar que só no Brasil as pessoas eram assim. Ah, mas a Itália...
Acho que o sangue latino é mesmo diferente dos outros. De alguma forma, temos o sangue quente. E esses antepassados em comum, mesmo em algum longínquo ponto da história, nos traz mais semelhanças do que se pode imaginar.
A importância das refeições feitas de modo apropriado, o descanso, a conversa informal, o falar alto, o abraço... na verdade, descobri que meu problema de adaptação não vinha da cultura irlandesa em si ou com a Europa - o que cheguei a pensar, generalizando demais a situação. Hoje, acho que meu problema era a ausência do sangue latino, do jeito latino de ser.
Cada dia tenho mais certeza de que se tivéssemos vindo para algum país de sangue quente ao invés de ir direto para Irlanda / Reino Unido, nosso processo de adaptação seria outro. E então seria muito mais difícil voltar.
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