quinta-feira, 30 de junho de 2011

comer, comer (parte I)

O fato de termos alguns amigos húngaros nos ajudou a aproveitar melhor as delícias culinárias de Budapeste, mais do que de qualquer outro lugar. Os pratos mais famosos sempre são destacados em qualquer guia de viagem, mas tenho a impressão que os mais gostosos mesmo sempre passam batido. O mesmo deve acontecer, por exemplo, com um guia do Brasil escrito para gringos. Com certeza, o guia deve dizer que feijoada é um prato muito tradicional, mas será que algum mencionaria outras delícias como pão de queijo, pastel, coxinha (sou vegetariana, mas sei que é gostoso), tutu, caldo de cana? Duvido! E esses húngaros não brincam quando o assunto é comer ou beber! E foi nessas gostosuras que passam batidas pela maioria dos turistas que nós nos perdemos. Só para dar uma água na boca, vou contar sobre algumas delas.

A doçura do comunismo
O comunismo não poderia ter deixado um presente mais gostoso do que esse chocolate. Pois é, o comunismo. Durante o regime comunista, as comidas eram, digamos, "padronizadas" e essa foi uma sobremesa importada da antiga União Soviética, mas que, felizmente, não caiu com a mudança do regime. E a delícia não poderia ser mais simples: queijo cotage com essência de baunilha, coberto com chocolate. Dá até briga! A primeira coisa que fizemos quando chegamos em Budapeste foi ir no supermercado. A foto mostra nossa comprinha!

Amanhã continuo a lista mais suculenta do mundo!


quarta-feira, 29 de junho de 2011

o último egészségedre

Vista do Castelo de Buda:
Rio Danúbio, Parlamento, Ilha de Margarete
Uma semana em Budapeste. Terminamos nosso último dia aqui relendo os guias que ganhamos de nossos amigos húngaros, Linda e Lajos, e chateados por não termos conseguido ir nem em metade de tudo que a cidade tem para oferecer.
Pelo menos, tivemos tempo suficiente para ter mais do que certeza que Budapeste está no topo de qualquer lista.
Estamos terminando de arrumar as malas. Nosso ônibus para Praga sai amanhã de manhã. Nas malas, os deliciosos bolinhos que lembram rocambole, mas que são completamente diferentes (mákos béigle), o chocolate recheado com queijo cotage e baunilha (quem pôde inventar um doce assim tão gostoso?), páprica e... vontade de ficar mais um mês.
Bebendo a última cerveja húngara, me despeço com a primeira palavra (das poucas) que aprendi desse idioma tão bonito e tão impossível de entender: egészségedre
Ponte Széchenyi, a primeira ligação entre Buda e Peste



domingo, 26 de junho de 2011

ranking de mercados

Sempre fomos fãs do Mercado Central de Belo Horizonte, apesar de nem irmos lá com a frequência que gostaríamos. Para mim, um mercado pode facilmente ser o lugar mais divertido de uma cidade. O ambiente descontraído, os bons preços, a comida com gostinho de caseira. Por isso, onde quer que estejamos, se tem um mercado, com certeza não vamos deixar de conhecê-lo.
Meu ranking, por ora, é o seguinte:

BRONZE
Spice Bazaar, em Istambul
Uma das bancas de doces e temperos, no Spice Bazaar
Originalmente, só vendia pimentas e especiarias. Hoje, vende comidas em geral - sobretudo doces. Tem também lojas de presentes, roupas, artigos típicos, joalherias, algumas lanchonetes, mas falta um espaço para cervejas e tira-gostos.

PRATA
Naschmarkt, em Viena
Azeitonas de cair o queixo
Quase dois quilômetros de mercado, com três corredores paralelos. Esse mercado não é coberto, todas as "lojas" são barraquinhas - algumas com mais estrutura, outras bem simples. Vende temperos, comidas típicas, azeitonas, lanches, pães, bebidas, frutas, vegetais... e ainda roupas, acessórios, souvenirs. Além de ter bares e restaurantes que funcionam noite a dentro. Aos sábados, o mercado quase dobra de tamanho com uma feirinha de coisas usadas em geral.
Vista do mercado


OURO
Great Market Hall, Budapeste
O campeão, em Budapeste
Para começo de conversa, nunca vi um mercado em um prédio tão bonito. Três andares para alegrar todo tipo de gosto. O andar principal vende frutas, verduras, comidas e bebidas típicas, presentes, doces. O andar de baixo tem algumas lanchonetes, açougues, peixarias e mais verduras. O andar de cima é o mais divertido: ao lado das lojas de presentes típicos, roupas, artigos em couro e forros de mesa bordados em linho, estão os bares! Com bebidas e comidas para os mais diversos paladares e, o principal: tudo muito barato e delicioso!
Nem é preciso explicar mais porque esse mercado ganhou posição tão privilegiada na minha lista.
Ah, é claro que almoçamos lá todo santo dia desde que chegamos em Budapeste. Mas isso já merece outro texto...


sábado, 25 de junho de 2011

com uns "mils" no bolso

Quem aí se lembra da época da alta inflação no Brasil, quando de manhã um cafezinho no bar da esquina custava mil e no final da tarde custava mil e trezentos? Pois é, eu ainda era criança e isso, é claro, não era um problema para mim. Mas desde quando chegamos em Budapeste, tem sido difícil fazer tantas contas. Na Hungria, a inflação não é o "monstro" que era no Brasil. Na verdade, nem sei se chega a ser um problema. O problema é que o Florim Húngaro não tem muita força: um real equivale a 118 florins! E como nosso dinheiro está todo em euros, a conversão fica ainda mais injusta: um eurinho vira mais de 260 florins!
Assim que descemos do ônibus vindo de Viena para cá, fomos em um caixa eletrônico. Opções de saque: 5.000, 10.000, 20.000, 50.000 ou 100.000. Óh céus, quanto zero! Sacamos 20 mil: uma nota de 10 (mil) e duas de 5 (mil). Confesso que na hora me deu um certo medo - "nossa, a gente com esse dinheirão todo, carregando essas malas tão pesadas... devíamos pegar um táxi ao invés de um metrô". Mas nem era tanto dinheiro assim.
Mais difícil do que ficar fazendo a conversão o tempo todo, é "reacostumar o cérebro" para conseguir ver que, por exemplo, uma cerveja a 300 florins é uma pechincha! Um quilo de cerejas por 350 florins, nem se fala! Principalmente depois de ter morado um tempo em Dublin, onde tudo é tão caro, estar em um lugar com preços tão "honestos" é estar no paraíso. Um dos motivos que fez com que mudássemos a rota da nossa viagem: os cinco dias que planejávamos ficar vão ser quase multiplicados por dois. Tiramos Munique dos planos para ter mais tempo em Budapeste. Outra conversão na qual saímos ganhando.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

a valsa vienense*

Viena foi uma feliz surpresa no nosso percurso. Se antes de começar a ler sobre os países da Europa eu tivesse que já escolher onde queria ir, com certeza a Áustria ficaria de fora. Felizmente, uma viagem não se faz sem planejamento, e seria um grande erro se não tivéssemos passado por esse destino.
Foi em Viena que entendi o que é o tal do "primeiro mundo". Ontem, vimos dois amigos discutindo porque um deles atravessou a rua sem que o sinal de pedestres estivesse aberto. Detalhe: a rua estava completamente deserta, nenhum carro à vista. Então, por que esperar pelo sinal? Talvez pelo simples fato de se existe uma lei, ela tem que ser seguida para que tudo funcione bem.
Uma parte da fachada do Teatro da Ópera

Além da ordem, limpeza, organização, educação e etcs, a cidade tem milhões de pontos turísticos e coisas para se fazer. Fomos comemorar nosso aniversário de namoro (pois é, todo mês comemoramos, até hoje) em um dos mais tradicionais eventos da cidade: a ópera! O enorme - e lindo - prédio da Ópera de Viena, sedia espetáculos musicais (concertos, balés e, claro, óperas) todos os dias. O ingresso mais caro custa, mais ou menos, 200 euros. Mas quem, como nós, ainda conta as moedinhas não precisa ficar de fora, porque o ingresso mais barato custa só 3 eurinhos! Quem não quer gastar absolutamente nada também tem vez: durante o verão todas as apresentações são transmitidas ao vivo em um enorme telão colocado na lateral do prédio, juntamente com várias cadeiras. Impossível reclamar!
No Teatro da Ópera - finalmente pudemos usar nossas
roupas "chiques" que estavam mofando na mala
desde que viemos do Brasil.
Os dias de Viena se foram tão rápido que nem tivemos tempo de escrever. Hoje chegamos na Hungria, em Budapeste - um dos lugares que sempre estiveram na "minha lista". Várias estórias ficaram para trás e vamos contá-las qualquer dia.

*a valsa vienense: o título não se encaixa muito com o texto, eu sei. Mas há muito tempo descobri que Viena deveria ter alguma relação com música por causa de um verso do poema José, do Drummond. Eu só não imaginava que a atmosfera musical da cidade fosse tão forte, tão viva. Depois de conhecer Viena, fiquei com a sensação de ter conseguido entender um pouco mais o poema.

[...] Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você cansasse,
se você morresse
Mas você não morre,
você é duro, José! [...]
Memorial Mozart, no Buggarten - um dos jardins
do antigo palácio dos Habsburgos.


sexta-feira, 17 de junho de 2011

a casa da semana

Sem casa, sem endereço. Cada vez que vamos de um país para outro, é como se mudássemos de casa. E hoje, nos mudamos outra vez. De Istambul, para Viena.
A impressão que tenho é que o avião que nos trouxe de lá para cá atravessou um universo paralelo e agora estamos, por assim dizer, em outro mundo. Da confusão de Istambul, para a beleza tão pacífica e amigável da Áustria.
Chegamos, depois de uma longa e desconfortável viagem. Mas como valeu a pena!
Viena, nosso lar por alguns dias. Depois de apenas umas poucas horas aqui, já me pergunto porque temos tão pouco tempo, porque não meses ao invés de dias.

o canto da mesquita

Ao fundo, a Mesquita Azul que tem esse
por causa dos detalhes em azul na parte
interna da cúpula.
Na Itália devemos ter entrado em, mais ou menos, uma 120 igrejas. E algumas eram tão grandes e bonitas que mais pareciam ser museus do que igrejas, chegamos a ficar horas dentro de algumas.
E o que a Itália tem de igrejas, Istambul tem de mesquitas. Nunca tinha sequer visto uma mesquita de perto e todas, mesmo as muito pequenininhas, são lindas.
A mais famosa é a Sultan Ahmed Mosque, mais conhecida como Mesquita Azul. Durante muitos anos, essa mesquita era o ponto de partida dos muçulmanos que começavam a peregrinação rumo à Meca. Muito diferente das super ornamentadas igrejas, as mesquitas são grandiosas por fora, mas bem mais "simples" por dentro. Em geral, existem várias pinturas de flores e formas geométricas - no carpete, na cúpula, nas paredes, nos vitrais. Os enormes lustres são muito baixos e quase se consegue tocar alguns deles.
Para entrar, todos têm que, antes de tudo, tirar os sapatos. O carpete é sempre muito macio e a maioria dos fiéis se senta ou ajoelha no chão. Todos devem estar com joelhos e ombros cobertos e as mulheres devem cobrir os cabelos.
Várias vezes por dia, um canto sagrado é entoado pelos alto-falantes das mesquitas cidade afora e ouve-se de longe a forte voz do cantor. Na praça da Mesquita Azul, os cantores das várias mesquitas do entorno parecem formar um coral, com um canto muito sincronizado. Em uma das mesquitas que conhecemos, entramos bem na hora que o canto começou.




Apesar de termos tentado filmar e fotografar algumas coisas meio "escondido" para não parecer falta de respeito, quando a cerimônia pareceu ter acabado uma mulher que estava ao nosso lado - mas na parte dos fiéis e não dos turistas - perguntou se nós não queríamos que ela tirasse fotos nossa dentro da mesquita. Ela acabou tirando mais de uma, dando sempre as coordenadas de como e onde devíamos ficar. Depois da sessão fotográfica, nos despedimos e ela se foi. Mas voltou um minuto depois, com sua câmera na mão para nos mostrar que, durante a cerimônia, ela tirou várias fotos dos dois aqui. Eu bem queria entender o porquê. Nossa única comunicação que não foi através de gestos, foi justamente nessa hora quando ela perguntou: "América?" E respondemos: "Brasil!" Ela pareceu feliz com a resposta, se despediu com um sorriso e foi-se embora com sei lá quantas fotos nossas.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

com o pé do outro lado

Istambul é conhecida como a porta do Oriente: a cidade é dividida pelo Estreito de Bósforo que separa a parte européia da parte asiática. Ontem fomos pela primeira vez do outro lado. Existem três formas de se chegar a alguma das diversas partes asiáticas de Istambul: atravessando a ponte que liga os dois lados - o percurso pode ser feito de carro, ônibus ou a pé - ou pegar um barco. A última opção venceu com a unanimidade de dois votos!
Tinha lido sobre um passeio turístico de seis horas e que custa 25TL*, mas que apenas pára em uma pequena comunidade de pescadores, onde só existe um castelo (fechado para o público) e alguns restaurantes bem caros. Quase desembolsamos, mas acho que o ar da Turquia fez com que o espírito  negociador se manifestasse em nós! Ao que parece, esse passeio turístico não é lá grandes coisas e, como pessoas com horror a excursões que somos, estávamos com medo de, de repente, nos sentirmos parte de uma.
No barco, com locais ao invés de turistas,
de frente para uma das estações de Kadikoy
É claro que tinha que existir outra opção, pois quem mora aqui também pode ir de um lado para outro pela via marítima sem pagar tanto. A tempo, descobrimos um barco, que faz parte do transporte público de Istambul, que faz o mesmo trajeto do barco de turistas, mas cobra só 1,75TL por trajeto. Nada mal. E quando vimos algumas diferenças básicas entre os dois barcos, me senti mais no lucro ainda: o turístico é lotado e parece ser impossível conseguir um espaço para uma boa foto, enquanto o barco público é bem vazio - além de podermos ir e voltar quando quisermos.
Assim, pisamos, digamos assim, na pontinha da Ásia. Fomos para os bairros de Uskudar e Kadikoy - ambos bem diferentes da loucura turística do antigo centro histórico da parte europeia.
Em uma típica "casa de chá", em Uskudar.
Almoçamos em restaurantes bem locais e nos comunicamos com os garçons praticamente só com gestos. A minha sorte é que a palavra vegetariana é mais ou menos parecida em turco. Depois do almoço, tomamos uns oito chás em uma casa de chás. Geralmente, eles nem têm cardápios, pois o único produto à venda é chá de maçã - o cafezinho dos turcos.
Mais do que estar na Ásia, foi também ótimo ter visto um pouco do dia-a-dia das pessoas, fora do tumultuado centro turístico onde todos são vendedores e - sobretudo - negociantes.


*TL: lira turca, a moeda do país. Atualmente, uma lira turca vale pouco mais do que um real (uns três centavos).

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dois aqui

no caminho para Aegina, na Grécia.
Uma das poucas fotos que temos juntos
porque tenho vergonha de pedir para
os outros. E ela me aguenta.
Eu tenho mania de sempre limpar a tela do computador e conferir meu extrato bancário. Ela fica nervosa quando está com fome. São pouco mais de nove meses desde que deixamos o terceiro andar da Belmiro Braga. Lá, éramos três e por três anos cozinhamos, limpamos a casa e ouvíamos música até tarde comendo petisco e tomando cerveja. Desde que deixamos Dublin, passamos as vinte e quatro horas do dia juntos. Quando começamos nossa viagem de 120 dias pensei que seria para mim uma experiência existencial. Aprender a se encontrar e descobrir o que vale o lugar onde está não é um clichê de livros de auto ajuda. É na verdade uma coisa séria e difícil. Tenho descoberto que sou mais complicado do que imaginava, e ela me salva de um completo desastre. Depois desses 120 dias só espero ter aprendido a pelo menos dizer obrigado. Obrigado por  estarmos a mais de seis anos juntos. No caminho de Tessalônica para Istambul conhecemos um casal de mais ou menos sessenta anos. Perguntei se estavam viajando fazia muito tempo. "Há 36 anos, quando nos conhecemos e nos casamos na Bolívia". Olhei pra ela e disse que era exatamente o que eu sonhava para os dois... 

sábado, 11 de junho de 2011

Exato um mês na estrada

Desde que deixamos Bolonha começamos um trajeto bastante diferente para nossos olhos. De Atenas para Tessalônica, passando pelo Monte Olimpo. Da Tessalônica para Istambul, passando por Kavala e Tekirdag. As 48 horas mais lindas da minha vida. São exatos 31 dias na estrada, não sei sequer que dia é hoje. Da mesquita ouço o canto que me impressiona muito. A viagem da Tessalônica para Istambul durou quase 11 horas, com quase duas horas paradas na fronteira. Ao chegarmos no terminal rodoviário de Otogar, que fica um pouco fora da cidade, pegamos outro ônibus que teoricamente deveria nos deixar na estação Askaray, onde pegaríamos um metrô de superfície para Sultanahmet, o bairro histórico de Istambul onde estamos agora. O motorista nos deixou no meio de um viaduto, em Askaray, sem referências e passeios. Os dois aqui e um casal de 70 anos (ele americano e ela da Nova Zelândia). Não sei o que aconteceu com eles, pois pegamos um táxi negociado a 10 Liras Turcas, que foram pagas com 10 Euros, mais que o dobro. Mas chegamos bem. Segundo o motorista gastaríamos on dakika (10 minutos) a pé do viaduto ao Sultanahmet. Gastamos 25 de táxi.    
O hostel é muito simpático e tem um terraço virado pro mar. Tivemos um café da manhã turco e depois comemos Kebab e visitamos uma mesquita. 
despedida em Thessaloniki com o tradicional Meze de azeitonas.
O
Meze nada mais é que a versão grega do tira-gosto.
Na foto, quatro tipos de azeitonas, nenhuma parecida com nada no Brasil
Na Blue Mosque, em Istambul

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Experiências Atenienses: cervejas mitológicas e desbravando a cozinha grega

Depois de um dia de muito sol, fomos tomar uma Mythus, a melhor cerveja grega (quiçá a melhor melhor cerveja depois da Guinness), no bar do Costas. Bem, o dinheiro curto, claro, porque o filósofo não ganhou nada na Acrópole. Bem, isso em Atenas não nos foi um problema, já que um senhor muito simpático que não conhecemos nos pagou duas cervejas. Como estávamos virando fregueses assíduos, comentei com Kaka que "se bobear o Costas nos paga uma gelada eim?". Não é que ele chegou com duas mitológicas e disse: "essas são de graça, daquele senhor, não sei porque, mas disse ele que vai pagar bebida pra vocês". A melhor explicação é que os gregos são extremamente legais. Uma pena a língua ser tão distante e dificultar um bom e velho papo no buteco com o cara que sem mais nem menos pagou duas pros dois aqui.
Já no dia seguinte, no Monastikari, um bairro histórico e bastante interessante de Atenas, conhecemos a cozinha de um restaurante cujo chefe conhecia o Braganino (entenda-se o Bragantino, time de SP). Estávamos passando na rua e ele perguntou se queríamos comer. Disse que já tínhamos almoçado e ele insistiu que conhecêssemos a cozinha, só pra ver como se faz a tradicional comida grega. Inhamiiii Inhammmi, quase comemos de novo.  
as mitológicas
No mercado de pulgas em Monastikari

aprendendo novas palavras

Em 21 dias na Itália, aprendemos várias palavras. Aos poucos, fomos diminuindo a embromazzione e, mesmo longe de saber de fato italiano, sempre que precisávamos acabávamos conversando em uma língua própria - uma espécie de dialeto que misturava português, espanhol e italiano. Felizmente, funcionou.
Na Grécia, a história foi bem diferente. O que ajudou foi que a maioria dos gregos fala, nem que seja um pouquinho, de inglês.
Mas nos dois países, aprendemos uma palavra que eu não imaginei que seria necessária: apergia em grego e sciopero em italiano. As duas palavras significam a mesma coisa: greve, no bom e velho português.
Na Itália, nossa viagem de trem de Gênova para Florença demorou o dia inteiro. Descobrimos da greve só na plataforma enquanto esperávamos e trem. Ou seja: descemos a longa escadaria carregamos nossas três malas ligeiramente pesadas à toa, pois tivemos que subir, trocar de plataforma e depois descer outra vez. Detalhe dramático: na verdade, fizemos esse percurso duas vezes. Poucos trens estavam funcionando e só cinco minutos antes da saída eles avisavam se aquele trem específico iria aderir à greve ou não.
Na Grécia, além dos trens, os ônibus e o metrô de Atenas também pararam - mas em dias alternados, o que fez com que a cidade não parasse de funcionar. Ontem, quando deveríamos ir de Atenas para Tessalônica de trem, fomos surpresos pela greve - na porta da estação de trem, que estava fechada com uma placa toda em grego e uma única palavrinha em inglês: strike! Greve!
E "lá vamos nós" descer, com as malas, a longa escadaria para voltar para a estação de metrô. Voltamos para o hotel para ver se nosso quartinho ainda estava vago e... não estava! O recepcionista pediu para que esperássemos um pouco, deu uns telefonemas - até achei que ele estava tentando achar um outro hotel que nos abrigasse - e me chamou, com um mapa na mão: "tem um ônibus para Tessalônica daqui a meia hora, ele sai desse lugar (mostrando no mapa) e dá para vocês irem andando daqui até lá". Fomos correndo e entramos no ônibus sem saber, inclusive, quanto tempo iria durar a viagem - que aliás, foi linda! Mar de um lado, montanhas do outro. E nem era uma ou outra montanha qualquer: era o Monte Olímpio!
Hoje fomos até a estação de trem e, felizmente, conseguimos nosso dinheiro de volta.
Em duas horas estaremos em um ônibus rumo à Istambul. De uma empresa privada, então acho que não tem erro.
Estou super ansiosa para chegar, mas já com saudades da Grécia.
Do alto da Torre Branca, onde aprendemos um pouco da história turbulenta
  dessa cidade simpática que é a Tessalônica

a nossa Atenas

Nós dois e Costas
Uma semana em Atenas e já ficamos amigos do garçom. Será que foi porque não ficamos nem um dia sem bater ponto no Neon Bar Gril & Restaurante? Pode ser, mas Costas (leia-se: Côstas, mas com o "s" em estilo carioca) é o melhor garçon que já conheci.
Bem representa o estilo dos atenienses: em geral, ficam felizes ao ouvir que somos do Brasil e parecem mais atenciosos ainda, além de terem esse jeito que eu sempre achei que era coisa de brasileiro/latino de pegar intimidade muito fácil.
Tínhamos dois garçons amigos no Bar do Véio - Roni e Marlon - que quando nos viam, de longe já perguntavam: "hoje vai de chopp ou de Brahma?" Confesso que deu até uma emoção no dia que chegamos no Neon e Costas perguntou: "duas Mythos?"
Na despedida, trocamos e-mail e endereço. Dindi estava um pouco envergonhado quando falei com Costas que queria tirar uma foto com ele, mas ele ficou tão feliz e pediu para, ao invés de uma, tirarmos logo umas três. Ah, aí acho que a vergonha passou. Estranho como é mais difícil se despedir de alguns lugares do que de outros.

terça-feira, 7 de junho de 2011

vida de grego

Na Acrópole
Dois dias na Grécia, mas hoje me confundi, achando que já eram quatro.
Ontem passamos horas na Acrópole e foi uma das coisas mais incríveis que já vi. Milhões de turistas, às vezes até difícil de achar um bom ângulo para uma foto, ou para ficar horas olhando sem ser incomodada por aquele guia chato e sem noção de toda hora. E muito, muito quente. Agora, definitivamente, já me lembro de como é o calor do Brasil. Aliás, Atenas me fez lembrar ainda mais do Brasil do que várias lugares da Itália. O jeito descontraído e mais "relaxado" das pessoas, o trânsito meio insano, as manifestações... na verdade, me lembrou Belo Horizonte.  Ah, claro, com a diferença de que Belo Horizonte tem pouco mais de cem anos enquanto Atenas... de vários lugares daqui se vê o imenso rochedo que fica no ponto mais alto da cidade, com as ruínas da Acrópole. Uma visão incrível.
Dindi, tentando decifrar o que dizia a placa
A única coisa que tenho achado ruim é a língua. Apesar de todo mundo falar ao menos um pouquinho de inglês, muitas vezes ficamos com vontade de conversar  mais com as pessoas - os gregos são tão, mas tão legais que dá vontade de virar logo amigo de infância! Mas falar grego... nada fácil. Aprendemos as palavras básicas (obrigada, por favor, bom dia, oi...), mas pela primeira vez na vida, fiquei triste por nunca ter estudado grego.
Eu já esperava que essa parte da viagem seria ótima, mas minhas expectativas estavam longe de serem tão altas.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Feta, Pita e Mythos

Depois de menos de duas horas de vôo, um pouco sonolento devido ao vinho no avião, a Grécia já se mostrou bela de cima. Não vimos nada em Atenas ainda, mas tivemos nossa primeira refeição com duas coisas que sempre quis comer aqui: o autêntico queijo feta e o delicioso pão pita. Comíamos isso todo dia em Dublin, mas o original é sempre muito mais saboroso, incomparável (como o macarrão a bolonhesa em Bologna!). Um pequeno banquete num simpatissíssimo restaurante num quarteirão perto da praça Omonia, onde descemos do metrô. E a cerveja grega é tão boa quanto o vinho. Desde quando li Homero pensava se os banquetes gregos na época helênica eram realmente incríveis. Ah, mas deveriam mesmo ser.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

despedida à bolonhesa

Embaixo de um dos arcos que
obrem as ruas do centro de Bolonha
Depois de 20 dias na Itália, amanhã nos despediremos desse país que tão bem nos acolheu. De Bolonha rumo à Atenas, para começar a segunda parte da nossa viagem.
Na cidade onde foi inventado o tão famoso molho à bolonhesa, não pude deixar de experimentar mais algumas pizzas - deixei a tarefa do prato principal para o um aqui do meu lado.
A despedida não poderia ser em um lugar melhor: a cidade com menos turistas pela qual passamos, charmosa, acolhedora. Um lugar que, mesmo se por aqui estivéssemos após uma longa temporada, ainda teríamos coisas para descobrir. 
Hora de ir, de novamente fechar as malas.
Hora de mais um arrivederci.